O amor é uma espécie de preconceito. A gente ama o que precisa, ama o que faz sentir bem, ama o que é conveniente. Como pode dizer que ama uma pessoa quando há dez mil outras no mundo que você amaria mais se conhecesse? Mas a gente nunca conhece.
- BukowskiDepois de conhecer um dos livros de toda a obra de Bukowski, logo percebi que tinha que escrever um pouco sobre ele e o primeiro livro que li do mesmo, Cartas na rua. O autor surgiu no século vinte misturando a ficção e o jornalismo, resumindo seu trabalho de forma mais simples. O mesmo focava no cotidiano. O livro em questão que estou apresentando é totalmente isso. Suas páginas, a forma que escreve casual mais se parece um diário da vida de um carteiro do que um livro em si. O seu fim não tem mistério, termina tão rápido e subitamente quando o seu início.
Uma sinopse, para os leitores:
"Em Cartas na Rua - primeira novela publicada de Charles Bukowski - um beberrão simpático, cheio de ceticismo, nostalgia e humor passeia pela monotonia burocrática dos correios e nos mostra a América com a visão de um anti-guru."
A sinopse em si parece ser de um livro que daria muito melhor como um filme. Uma temática talvez massante de um livro em um milhão, mas não, Bukowski surpreende, talvez não apenas por contar de forma tão fiel algo que ele mesmo passou, mas por conseguir puxar sua atenção e no final dizer para si mesmo "Eu quero mais".
Logo no início para ser mais fiel no seu trabalho, o autor traz um código de ética dos correios, para logo depois trazer a contradição do mesmo, o personagem principal, Hank. Você descobre que não tem muito de especial no personagem, ele é um bêbado, sendo honesto, um cafajeste, que quer dinheiro e viver sua vida.
Bukowski e o ator, Sean Penn |
Então, se é algo do cotidiano, podem esperar, claramente, sexo e palavrões, não é algo como um dos poemas mais obscenos do mundo (Catulo 16 - não se preocupem quem não o leu, em breve colocarei algo sobre), mas o mesmo não tem papas na língua e isso é legal. Não é algo decorrente, mas é legal de lembrar, nem todos gostam.
Continuando sobre a história. Bukowski continua a cativar novos leitores, nunca deixando de ser atual. Sua temáticas de "um chefe escroto" ou de "uma vida vazia" são características - talvez não na sua ou na minha vida - decorrentes em nossa sociedade, frisando meu comentário, muitas vezes suas obras são "caçadas" por haver muita identificação dos seus personagens, ou apenas ações dos mesmos.
Uma frase que me chamou a atenção por caracterizar o que o mesmo sentia e de onde ele tirava inspiração, do ódio, da repulsa, amor, nojo, entre outros: "De todo aquele inferno imundo e fedido, Bukowski fez o seu paraíso".
Com influências de Ernest Hemingway e Fiódor Dostoiévski, Charles é um autor que faz falta.
Bukowski é um aperitivo para qualquer um que gosta de ler, recomendo que se tiverem a oportunidade de ler algo sobre, leiam.
Um breve poema do mesmo, para se habituarem seu paladar a escrita de Bukowski:
Se vai tentar
siga em frente.
Senão, nem começe!
Isso pode significar perder namoradas
esposas, família, trabalho...e talvez a cabeça.
Pode significar ficar sem comer por dias,
Pode significar congelar em um parque,
Pode significar cadeia,
Pode significar caçoadas, desolação...
A desolação é o presente
O resto é uma prova de sua paciência,
do quanto realmente quis fazer
E farei, apesar do menosprezo
E será melhor que qualquer coisa que possa imaginar.
Se vai tentar,
Vá em frente.
Não há outro sentimento como este
Ficará sozinho com os Deuses
E as noites serão quentes
Levará a vida com um sorriso perfeito
É a única coisa que vale a pena.
-Portico
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